Flores
Não me traga flores a meu sepulcro,
Não lamentes no âmago mais profundo,
Chorar! Não gastes lágrimas em vão.
Ali, somente o corpo as vésperas da putrefação.
Cálido semblante maquiado,
Bocas secas cerradas no vermelho mais falso,
Caixa vazia, nem espírito, nem alma.
Não será o choro, não será o lamento,
Nem recordações, tão pouco sofrimento,
Atenuantes do descompasso mitral.
Devora a ânsia, autopiedade inconsciente.
Na trêmula haste em contínua procissão que segues
Conta os passos, conta as mãos que hão de abraçar-te.
Já é manhã e o furor do outono suspira a brisa.
Que resfria ainda mais lenta a baforada em neblina.
É medo, é frio, é tristeza.
Mas de tudo única certeza
Algum dia estarás por al