O DEVIR E A AUTENTICIDADE DO SER
O ''EU'' como uma característica que nos define é uma ilusão criada pela nossa subjetividade. Não há, como dizia Sartre, uma natureza humana. O que há é o homem como natureza. Estamos num processo contínuo de construção e desconstrução de nós mesmos. Cada encontro como o mundo e com as coisas que nele estão é um encontro inédito. E esse ineditismo sempre nos remete para o novo, o não vivido, o não experimentado, tornando-se, assim, elementos constitutivos do nosso ser, que poderão nos moldar positiva ou negativamente. Isso explica nossa oscilação ontológica: '' Se hoje eu sou estrela, amanhã já se apagou. Se hoje eu te odeio, amanhã te tenho amor''.
É possível não se deixar afetar pelo mundo enclausurando o espírito na ideia de um '' eu'' que nos define: há religiões e utopias com essa finalidade. Também há como aprendermos a nos direcionar no mundo, para que ele nos afete de modo a produzir em nós uma evolução de nós mesmos. Isso só é possível quando nos apropriamos de nós mesmos, quando nos libertamos do temor pelo julgamento alheio e assim assumimos nossa autenticidade.
27/09/2015