lobo solitário

Quando nossos oráculos sentimentais e empáticos tornaram-se tão arenosos à seca ou movediços ao sucumbimento?

Quando nos moldamos tão frios?, e quando o sangue quente de nosso irmão escapuliu-se aos nossos rostos e encrustou aos nossos punhos culposos e indiferentes?

Quando nos tornamos cadeias sociais classificadas por nomenclaturas?, tão artificiais quanto falhos à decadência hipócrita ratos escolhem esquerda ou direita e guerreiam-se entre si adentro de uma cela e se devoram à podridão.

Quando um retângulo de papel nos cortou socialmente e separou-nos a mendigar em sarjetas ou a nos exaurir em trabalho para sonhar em obtermos aquilo que deveria ser por direito?

Quando os olhos inocentemente puros de espécies selvagens provocaram tamanha ânsia sanguinária pela caça ou tanta ignorância?

Quando podar a vida de uma árvore pelo metal frio tornou-se satisfatório ao invés de escalá-la e descobri-la conectando-se às suas raízes?

Quando veneno tornou-se cura?

Quando a guerra tornou-se uma busca por paz?

O que a vida tem a me ensinar além do que já cravou-se em meu ser e o que tanto observo inerte incapacitado de salvar?

A Mãe Natureza clama, brada, estremece, e o Planeta trinca-se.

Eu volto meus olhos fascinados à ira arrebatadora de um tornado ou à corpulência abissal de um tsunami e à densidade traiçoeira de uma tempestade trovoada; por que vejo tamanha beleza?, estou tão desiludido?, tão frio?

Por que sinto-me mais conectado às espécies animalescas que ao meu próprio semelhante?

Ó, jovem lobisomem solitário, a civilização aguarda-lhe com braços gélidos receptivos e olhos famintos por corromper a sua suculenta carne e ser.

ilLoham
Enviado por ilLoham em 22/06/2019
Reeditado em 01/11/2023
Código do texto: T6678720
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