Sim, e que me perfuma - feminina - poesia!
Ah, não quero as sensações medonhas do mundo... não, não... por favor, não!
Não, não quero passos dentro de lodo,
o urro desenganado,
não...
abre-me os braços
- radiante de palavra -
mais incendiadas que o mundo...
Ah, eu ando assim
- olhos marejados -
mas em torno a palavra...
não são de tristeza, não!
Ando bocejando para tudo o que não for poesia!
São olhos que ainda se expantam com a beleza da vida,
que apreciam e
que ainda não foram engolidos pela descrença.
Ah, eu me embriaguei!
Me perfumei,
no peito um coração aceso que enxerga um universo inteiro numa simples
flor colocada sobre a mesa mesmo que sua única proeza seja a de ser flor...
Esse licor que bebo
- poesia -
que me liberta da asfixia letal que tem sido a calçada tristonha
na ausência de passos versos...
Ah, sim, ando sim bem pamonha à beira dos pensamentos,
do café que preparo,
das coisas que arrumo,
dos pés descalços sobre a terra molhada,
do ambiente clareado de cortinas abertas,
cantarolando estrofes... derramada à borda do que penso e
desdobrada em sorrisos...
Eu ando tola sim!
Temperada entre os quintais de letras e achando que tudo é possível à
estação das estrelas longe das tumbas amortalhadas nas trevas da
violência... não! Reconheço-me frágil - hoje -, para tudo isso que não sonha.
Sou sim, muito tola!