EU: AGONIZANDO NA NAVE DA XUXA
Quando a Nave da Xuxa estacionou na porta de minha casa... A Xuxa não estava mais lá. Ela estava morta já há muitos anos... e eu estava idoso, senil, chapado e quase morrendo. Não havia motivo – e nem gente interessada – em me manter a distancia de entorpecentes, acordado, sóbrio, vivendo e opinando. Eu existia...
E fui existir ainda mais, dentro da nave rosa, toda enferrujada, e as letras amarelas apagadas, as luzes queimadas... Que me lembrou uma Kombi velha. Tinham várias caveiras espalhadas pelos cômodos da nave... E a caveira da Xuxa – obviamente - estava lá. E ao seu lado, as caveiras de outros grandes ídolos de minha infância... E também maquetes... Feitas com brinquedo LEGO velho.
Maquetes de lugares onde morei, computadores antigos, celulares ultrapassados, embalagens de minhas comidas prediletas, vales transporte, cartões de ônibus, entradas de cinema, contas de restaurantes, blocos de notas, cadernos, DVDs de filmes de terror e de Super-heróis, velhos romances... Lidos, relidos... Lidos, relidos.
Só o que estava vivo, era o meu amor.
Ele era um timoneiro lilás todo revestido com pelúcia roxa... Exalando por toda a nave da Xuxa... Aroma das mais belas Flores do Campo.