Um monólogo com a vida
Eu sempre me pergunto se é normal viver dias em que nós nos perdemos. Aqueles dias que parecem que nunca vão passar. Os dias em que você tenta resolver as coisas e amarrar as pontas. Dias que parecem mais uma janela embaçada que você tenta desenhar, mas não consegue, se quer, mover o dedo em direção à janela. Eu sempre tento desenhar algo nessa janela, parte disso é porque amo desenhar. Desenhar me faz sentir mais viva, me ajuda a fugir de mim mesma e do meu próprio caos. Eu desenho sempre que sinto que tudo vai desmoronar e eu não vou conseguir amarrar as pontas. Pois, no fim, a gente nunca aguenta amarrar tanto as pontas.
Pergunto-me todos os dias: “ Eu estou pronta para o que esse dia tem para me dar? Eu estou pronta para segurar as pontas hoje? ”. Na maioria das vezes, eu não estou pronta, mas em todas essas vezes eu tento ficar bem e, por mais difícil que seja, tento encontrar forças para segurar essas malditas pontas que não conseguem ficar juntas.
Eu estou acabando, ou melhor, estou definhando.
Vida, eu juro, estou dando o melhor de mim para você todos os dias. Eu não me escondi de você, eu também não corri e nem te odiei. Eu não te afastei de mim e eu também não te ignorei. Porém, parece que você quase nunca está aberta para mim, pelo contrário, escolhe a dedo os dias em que eu vou me sentir completa, feliz, amada e todos esses adjetivos que você esconde neste seu livro gigante de adjetivos e sentimentos passageiros.
Eu estou cansada, vida. Extremamente cansada.