PROCURANDO NA VIDA

Humano frágil e, paradoxalmente, ao mesmo tempo forte

De meus olhos a buscar em toda parte a Deus somente

Ó estranha ventura pelo que tanto procuro!

(todavia, a parecer-me sempre de mim a fugir)

Por quê?

De minha voz a que rouca vede, portanto a gritar por Ele

E quanto ela O chama!... E por Ele clama!

E assim s'ecoa minhas palavras pelo ar

À Aquele que de mim s'insiste em tal grau a fugir

(não sei por qual motivo, ao que teimo em saber)

Mas não seriam, destarte, todos o que nest'exílio s'encontram?

(e não eu apenas!)

Contudo, vede oh! que s'esgotaram em sua busca... em seu intento

E, por isso, vivem aqui... somente por viver... e nada mais

Nas negras horas dos dias a que cumpridos e árduos se fazem

Ao que enjaulados nos grilhões do tempo e da morte então ficam

E, neste mistério do que não entendo, vejam que não querem dele sair:

Da morte!

Oh! que tamanho tormento de tantas almas!

Nesta dura vida a cortar bem mais que a espada ou o diamante

D'alegria a que poucos ou ninguém mesmo de fato a conhece

E secos s'estão no prazo os seus lábios (que já não mais riem)

Dos olhos que n'outros tempos amavam as vivas cores do mundo

Ó doces tempos pueris... na inocência do que tanto se vivia!

Porém, tempos passados, que agora não mais existem

E, presentemente, não as contemplam pelo que ferida s'está a vista

Afinal, o que há de se admirar quando fechadas estão as pálpebras?

Neste lindo sonho que um dia iniciou

Mas que agora, aqui não mais s'encontra

Todavia, não me intimidarei nem pelo cansaço nem pela dor

E pela vida então irei... e caminharei... e procurarei

(visto ser este o meu vital sentido de viver)

Até encontrar Aquele pelo qual eu tanto busco

E quando O achar, ai que delícia!

Cessarão todas minhas desditas...todas minhas guerras

E depois saborear-me-ei somente de paz... paz... paz...

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07 de junho de 2019