A espera
Não gostava de não entender as coisas; acreditava que tudo podia ser resolvido de forma simples, com diálogo franco, um simples encontro olho no olho, um telefonema, uma mensagem de "me liga", "vem me encontrar aqui", mas isso dependia de mais de uma pessoa querer a solução é claro. Não entendia por que discussões se prolongavam além de um pausa para esfriar os ânimos ou de um pedido de desculpas quando era claro que nenhum dos dois queria os incômodos que o desentendimento trouxera, não havia mérito ou ponto de vista a ser defendido. Olhava para o relógio e via os ponteiros sempre correndo, atrevidos, o tempo insensível e irrevogável. Cada segundo naquela situação o deixava mais farto, mais incrédulo do quanto os momentos bons pareciam significar menos para ela do que a mágoa ou orgulho, não gostava imaginar quanto duraria a situação, horas, meses ou para sempre. A espera no consultório provocava sua imaginação, e seus pensamentos eram saudosos, do tempo que cultivavam gentilezas e mimos de nascer ao por do Sol. Isso o deixava tristonho e impotente, parecia que não poderia fazer nada a respeito, não mas dependia dele. Só podia esperar para que assim como ele, ela olhasse o relógio e preferisse preencher seu tempo com coisa melhor que o espaço frio que se formara entre eles.