AQUELE CARA, O BANHART
O Banhart é aquele cara que faz boa figura em Pipa, Jeri ou Itacaré. É aquele louco funcional que transita da poesia, das melodias mais lindas do mundo para o expressionismo esquizofrênico e irônico travestido de música indefinível. E ele faz tudo isso em dois idiomas.
Banhart tem cara e jeito hippie, mas vez por outra mete um ray ban na cara e posa de cosmopolita playboy completamente integrado ao sistema, o que ele faz só para nos confundir. Ele é algo – e sabe que o é – que a gente não entende e não consegue imitar a contento.
Ele é inteligente, do tipo artista pra caralho, que não se mete em política, nem faz análise profunda sobre os problemas do mundo.
Banhart veio ao mundo só para tirar onda, com aquela cara de gringo doido que o acompanha e define onde quer que vá. O sujeito é um espécime odiado pelo grupo pouca transa, que vota em Bozo e tem medo do escuro. É, enfim, um tipo com um dom fodido de se manter inteiro dentro de um liquidificador com lâminas afiadas e cinco velocidades.
Semana que vem, vou à capital atrás daquele violão de cordas de aço e timbre legal só pra tirar um dos clássicos "banhartianos":
"Pensando cada dia, cada hora
Pensando en ti
Caminando, mi cesta llena de moras
Son para ti
Temprano por la tarde y por la noche
Sueño de ti
Lalalala
Comiendo perra
En santa maria de la feira
Que placer ir
La gente buena
Solo goza nunca hay pena
Pa' que sufrir
Jugando en el mar, en la arena
Viviendo asi
Lalalala
Sou um tipo comum, a barba rala e falha, puxando 80% para o sem graça, mas ainda sinto que dá pra forçar a barra e entrar no mundo estético de Banhart com o meu violão retrô e uma puta de uma vontade de musicar sem amarras toda loucura possível.
Serei eu um ídolo nos limites do meu jardim de 30 m².
"Freely, freely meu coracao
Freely, freely meu coracao
I'd like to live that way
I'd like to live that way
And my mother may not understand
Why I'm the way that I am
But i love her and I wanna let her in (do you love her?)
Get to know a friend"