MAIS UM DESABAFO

Desejo...,um mundo inteiro pela verdade

Verdade..., mesmo que passageira, mesmo contra minha vontade

Vontade...,sem saber porque exijo carinho

Carinho...,estou me sentindo surpreso

Surpreso..., não sou o único mentiroso

Mentira!

Lugar comum..., talvez seja a verdade escancarada

Que de tanto falada, perdeu a graça para a mentira

Dito, verso simétrico, correto, literal e caprichoso

Hipócrita e ditoso, porém contundente para a fama

Honesto e mal cheiroso, asqueroso contumaz

Pérfido ardiloso, sensitivo e outros tais

Grita e esperneia, gostoso de ver a veia

Enquanto reluz na esplanada dos aventais.

Homem ao contrário, mulher de não se deitar

São os camaradas da noite, dos embalos

Os perdidos nos crepúsculos, da língua azeitar

Enquanto nos dias, formam-se filas dos caros

São fardões de ouro e poeira

A se aproveitar, comendo na beira

Enquanto ouço despertar um mundo

Que não se cansa de ouvir

Do quanto não se pode falar.

Mas, nesse mundo de tantas letras, tantos verbos

Das Marias esculachadas

Das manias do eterno

Das fatias do acordo

Das quantias furtadas

Sobra o real retrato

Quando pintado

Nos palavrões da periferia.

Lugar comum, então seja

Tudo que de podre há de ouvir

Orelhas limpas pelas fezes da riqueza.

Jose Carlos Cavalcante
Enviado por Jose Carlos Cavalcante em 15/03/2005
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