Morte e vida
Há alguns meses atrás, assisti a um documentário sobre o Planeta Terra em que, naturalmente, eram mostradas várias cenas de animais que caçavam e os que eram caçados. Fiquei refletindo sobre isso, que é, indiscutivelmente, uma lei da natureza, mas usei esta reflexão para além da ideia de competitividade do ser humano. Ao pensar sobre como esta lei poderia se aplicar à vida humana do dia a dia, busquei encaixar esse significado no que se refere à necessidade de algumas coisas morrerem para que outras possam sobreviver, não no contexto físico, mas, sim, no âmbito do psiquismo. Até aí, não havia entendido muito bem como essa conclusão funcionava, mas sentia que era, de algum modo, verdadeira. Então, hoje, lendo o livro "Mulheres que correm com os lobos", da autora Clarissa Pinkola Estés, me deparei com o seguinte trecho, na página 50: "[...] A Mãe Criadora é sempre também a Mãe Morte e vice-versa. Em virtude dessa natureza dual, ou dessa duplicidade de função, a grande tarefa diante de nós consiste em aprender a compreender à nossa volta e dentro de nós exatamente o que deve viver e o que deve morrer. Nossa tarefa reside em captar a situação temporal de cada um: permitir a morte àquilo que deve morrer, e a vida ao que deve viver". Sendo assim, penso que há muita vida dentro de cada um de nós à espera de ser desbravada, mas os resquícios moribundos com os quais insistimos em conviver não permitem o surgimento desta substância viva e iluminada, que tem o potencial de alquimicamente transformar o homem de chumbo em homem de ouro.