JARDIM DO DESTINO

JARDIM DO DESTINO

Qual é mesmo o sentido da vida

que em tudo floresce?

No inóspito asfalto,

na fissura do muro, no deserto sem água,

nas águas profundas, nas entranhas da terra, no casulo minúsculo!

Para em seguida,no jardim do destino, cercado de flores,

de raros perfumes, em poucos segundos...,

logo morrer!

O inexistir, é sempre certo e eterno.

Cálida negra sombra de todos, que por mais que se queira,

não se pode prevê.

Para o homem de olhos vedados,

de angústia no peito e mãos amarradas, nenhuma esperança!

Paraíso de pedra. Brincadeira sem graça. Ironia divina. Pobre destino ainda criança, com a vida de todos, no alto do Céu, com todos brincando. Estranha promessa de dias melhores,

de vida eterna, que ninguém acredita,

mesmo quem imagina,

além da vida..,

viver.

Sobre nós,

viventes que somos,

fruto da dor, de injusto castigo, inócuo desejo de nada perder.

Breve jornada. Incertos caminhos. Pesado silêncio, corroa de espinhos,

sentença de morte, guilhotina de aço contando cabeças! Cortando pescoços! No beco sem vida, em volta do corpo, ainda sagrando,

pequenos pedaços. No alto do Céu incontido deboche,

irônica risada! No escuro do beco, iludido com a vida,

com os campos floridos, escondido na sombra,

triste criança que acabou de nascer!

Qual é mesmo o sentido da vida,

que justifica o vivente assim que nasce,

no jardim do destino, em campo florido,

já começar a morrer?

Jaíres Rocha
Enviado por Jaíres Rocha em 28/05/2019
Reeditado em 31/05/2019
Código do texto: T6659032
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