Um dia a mais, um dia a menos...
A vida é mesmo muito paradoxa, pois, de um lado, crescemos escutando frases de incentivo, tais como "temos todo o tempo do mundo" para realizarmos nossos sonhos, conforme pode ser observado em várias passagens de músicas como, por exemplo, na inesquecível canção "Tempo Perdido" (Legião Urbana). Entratanto, por outro lado, muitos dizem que devemos valorizar o presente, já que o futuro pode nunca chegar. Na verdade, cada minuto que passa jamais voltará, por isso, é impossível revivermos um momento exatamente da mesma forma como o vivemos pela primeira vez, até porque nós nunca mais seremos os mesmos. As pessoas têm medo de mudar, de se reinventar, o que é bastante compreensível, visto que percorrer sempre os mesmos caminhos nos levará sempre aos mesmos destinos. Contudo, essa é a pior perda de tempo e de vida que há. O que deveríamos fazer é justamente o contrário: percorrer novos trajetos, nos perdermos e nos reencontrarmos. Estar perdido não é o fim do mundo, fique tranquilo! Na real, não há nada pior do que a estagnação, isso sim faz com que a pessoa morra mesmo estando viva em termos de matéria. Sabe aquela roupa que você guarda há um tempão, aquela louça que você nunca retirou da embalagem, aquele vinho que nunca bebeu, aquele passeio que nunca fez porque ainda está aguardando o momento certo para usar, beber ou fazer? Pois então, eu tenho uma coisa para lhe dizer: talvez esse momento nunca chegue! Vivemos esperando o momento "certo" para tudo. Aguardamos ansiosamente a chegada das nossas férias, do final de ano ou de um feriado qualquer para fazermos algo ou visitarmos alguém. Estamos nos perdendo aos poucos, deixamos de visitar quem amamos, de colocar conversa fora, de tomarmos cafés e cervejas com os amigos porque vivemos escravos das nossas obrigações diárias. Aos poucos estamos trocando abraços, sorrisos e beijos por mensagens frias, vindas de uma tela de celular ou notebbok, recheadas de emoticons vazios porque muitos usuários acham cansativo ficar escrevendo tudo. O fato é que, quando menos esperamos, os únicos e raros momentos de encontros entre amigos e familiares, os quais, até então, não tinham tempo para visitar uns aos outros, acabam se resumindo a poucas ocasiões, geralmente resumidas entre nascimentos, casamentos e velórios. E lá se renova o ciclo da vida, entre um nascimento e um enterro, sendo que muitos dos que permanecem estão mais mortos do que aqueles que se foram...
F.S.S.