Você, meu eterno desconhecido.

O que você é? Te olho e não te reconheço, te vejo mas não te compreendo. Você parece estar voltando, eu sinto de longe o cheiro da ardilosa emboscada em que você, tão despretensioso, consegue sabiamente me prender. Aqui entre meus perigosos devaneios, posso relatar a verdade dos meus anseios, aquela que nem em minhas eternas sessões de terapia eu consigo profanar. Nada mais desalentador para mim, do que a constatação de que me agrada estar perto de você. Me enche de furor a percepção de que eu ainda sou viciada em momentos da atenção sua, dirigida para mim. Já me vejo tramando formas de te encontrar, criando situações em que você irá pensar "como deixei ela escapar?".

Mas você não irá pensar isso, sua incapacidade de sentir é maior do que todas as coisas, sua ânsia é por sugar a minha energia, é por ver minha necessidade de te ter, logo eu, que nunca precisei de ninguém.

Você é tão egoísta, incompreensível são as suas atitudes com alguém que a ti só deu amor. Como podes ser assim? Quem é você? Essa inequidade eu desconheço.