Sobre o princípio da realidade, ou como se dá distúrbio patológico, em Freud (novas impressões)

Primeiro, deixo claro que essas impressões são fruto de meras impressões de alguém diletante nessa área. Portanto, não tem - sob pena da leviandade, desejar ou mesmo levar alguém pensar, tratar-se de um texto acadêmico. Repito: são apenas impressões de leituras de um diletante que mediante essas recentes incursões, pode afirmar, estar descobrindo um novo caminho para o conhecimento. Dito e esclarecido isso:

Falando do bebê lactante como alguém que ainda não separa seu EU de um mundo exterior, como fonte de sensações que lhe sobrevém, ou seja, no bebê, em função de sua psiquê ainda não lhe permitir fazer separações do que é interno e externo, tudo se lhe acontece por estímulos diversos. Por exemplo, quando deseja o peito materno. Esse estímulo, inicialmente, provocado pela fome, "aciona" pelo choro ou grito, a mãe para que lhe de o peito. Porém saciada a fome, o estímulo desaparece por determinado tempo, porém, com a "promessa" da volta. Outras sensações, como o toque em partes do corpo, são estímulos e sensações originadas no interior do Eu do bebê, mas sem esse se dar conta. Da mesma maneira, sensações de dor e prazer sobrevém. No bebê, essa relação Eu interior e Eu exterior, não se dá claramente. Em rápidas palavras: o bebê não possui o senso de realidade.

Com relação ao adulto, o mesmo não acontece. Já maduro e vivendo uma vida onde o cuidar-se de si, não mais depende de outras mãos, a distinção entre o que interior - pertencente ao EU - e o que é exterior - oriundo de um mundo externo, é o primeiro passo para a instauração do princípio da realidade. Essa distinção - ausente no bebê - serve, naturalmente, à intenção (veja, intenção, uma racionalidade)prática de defender-se das sensações de desprazer percebidas ou das que ameaçam.

O fato de o Eu, na defesa contra determinadas excitações desprazerosas vindas do seu interior, utilizar os mesmos métodos de que vale contra o desprazer vindo de fora, torna-se o ponto de partida de significativos distúrbios patológicos (O mal - estar na civilização, novas conferências 1930-1936). É ai, pelo menos a mim, que se dá um novo incômodo: não será ai, desse "choque" entre o Eu do universo interior, com o mundo exterior, que nasce a neurose? Não ai, insisto, posto que, uma vez instalado o conflito, o Eu não se vê desprotegido do Id que, me parece, deveria atuar para que o Eu, ele próprio, pudesse chegar a um equilíbrio? Assim, me parece, que a ausência do Id facilita o surgimento dos distúrbios, posto que, uma vez que o Ego não consegue, por si, dirimir seus impulsos, e uma vez que o Id é puro impulso, o Ego vê-se jogado num torvelinho de sensações que ele já não controla. Na medida em que o Eu não consegue se dissociar do mundo externo, sendo, então, condenado a transitar nele, mesmo que, em algum grau, o Eu se desliga do mundo externo, sem, contudo, dele se ausentar totalmente. Nas palavras de Freud, "É desse modo, então, que o Eu se desliga do mundo externo. Ou, mas corretamente: no início o Eu abarca tudo, depois separa de si um mundo Externo. Nosso atual sentimento do Eu é, portanto, apenas o vestígio atrofiado de um sentimento muito mais abrangente - sim, todo-abrangente -, que correspondia a uma mais íntima ligação do Eu com o mundo em torno"

Essa questões me ocorrem no instante mesmo que vislumbro uma matriz incompreensível, a mim, e pelo menos nesse momento, que me possa satisfazer.

Aceito contribuições que me possam ajudar, pois, como disse, sou um neófito e essas minhas impressões, de certa forma, exigem melhor compreensão sobre tema.