A liquidez da vida
Cada vez que observo em silêncio, descubro um pouco dos seus segredos, quando olho dentro dos seus olhos, eu entro neles e me vejo como um lampejo, de luzes piscando como vaga-lumes, enquanto penso naquele dia que me disse ter medo de amar.
Fico sempre esperando o dia que irá dizer que tudo não passou de uma carência, uma loucura numa noite de solidão e fraqueza.
Hoje, as pessoas tem medo do toque, do sentir, do falar de perto, de dar as mãos, e assim, seguem fugindo de desejos e emoções, e nessas fugas, ficam os vazios, lacunas e os corações mais frios.
É como morar em um bosque das desilusões, viver à procura de algo, que nunca se sabe exatamente o que é e porque procura ou talvez até encontre, porém essa insaciedade predominante no nosso ser, nos faz sempre ir em busca de sempre mais e mais e nunca nos damos por satisfeitos.
Bauman dizia que nos dias de hoje, vivemos em tempos líquidos e amores líquidos, que nada é pra durar que somos instáveis.
O que está se observando é o jogo de interesses, jogamos uns com os outros, brincamos enquanto temos vantagens e quando o jogo perde a graça trocamos as peças e os jogadores, vivendo assim, suscetivamente, sem deixar o lado emocional abalado, mas no fundo, bem lá no fundo mesmo, existe aquele vazio dilacerado, que corroí a alma, como se faltasse alguma coisa e por fim acabamos dependentes das pílulas mágicas que criam uma máscara que adultera a verdadeira felicidade.
Eu não quero ser uma garrafa perdida no meio do oceano com mensagens positivas que nunca não serão lidas, não quero um amor liquido que se derrame quando se sinta perdido ou contrariado.
Amar exige esforço e as vezes é cansativo, da trabalho, é um estudo complexo de aprendizagem e por ser complexo, ele é duradouro e as vezes é dolorido amar, não é qualquer um que está disposto a encarar esse sentimento que ora é mar de rosas e outras vezes é mar de lágrimas.