ALMOÇO GRÁTIS

O suposto conflito entre a religião e a ciência tem origem na incapacidade racional de conciliar o conhecimento alcançado pela ciência, com os dogmas instituídos pelas denominações teológicas, que são chamadas equivocadamente de religiões, pois religião significa religar, referindo-se aos homens, que foram desligados do paraíso, ou com o reino angelical de Cristo, e isto não compete ao próprio homem ou a quaisquer instituições por ele organizadas. Assim, é um grande equívoco supor que as denominações teológicas tenham quaisquer vinculações com Deus, ou que sejam seus representantes e intermediários, pois Deus se relaciona diretamente com suas manifestações.

No âmbito da física e da astrofísica, os cientistas elaboram teorias, que repetidas exaustivamente, acabam se parecendo com verdades, que muitos admitem e as propagam como tais. Na verdade, as questões fundamentais sobre os mistérios do Universo continuam desconhecidas de todos, e os próprios cientistas se empenham em conciliar as suas teorias que não se compatibilizam entre si mesmas, como por exemplo, a teoria da relatividade geral com a teoria quântica. Enquanto isso, eles ganham muito dinheiro propagando as suas teses improváveis, e também as instituições organizadas pelos teólogos e afins, como redes de supermercados da fé, se enriquecem às custas das humildes “ovelhas”, expondo-lhes um deus feito à imagem e semelhança dos homens.

Com efeito, a ciência e as religiões, falando línguas inconsistentes em suas próprias instituições, não podem ambicionar que venham a ter uma convergência de ideias a respeito do Deus verdadeiro. Essa mútua deslocação do verdadeiro fundamento, funciona como um potente acelerador de uma generalizada descrença, tanto por parte dos materialistas mais próximos da ciência, como daqueles observadores mais atentos e desenvolvidos intelectualmente, que ao contrário das “ovelhas” mais humildes, não aceitam as ladainhas caóticas das chamadas religiões. Com isso, ocorre um grande aumento na incredulidade dos dois lados, pois a maioria não quer esquentar os seus neurônios procurando por si mesmos as respostas para as suas complexas indagações, permanecendo na expectativa de que alguém lhes ofereça o “prato pronto”. Contudo, isso jamais ocorrerá, porquanto as experiências espirituais são pessoais e intransferíveis, cabendo a cada um buscá-las com toda dedicação, pois, mais do que na esfera dos conhecimentos racionais, também no âmbito dos conhecimentos espirituais não existe o “almoço grátis”. Sophia é a linda morena que nos fala em Eclesiástico 24, e fala também ao seu Noivo no Cântico dos Cânticos. Ela é a proprietária do “restaurante” onde o seu Noivo serve o “Pão da Vida” e a “Água Viva”. Ela gosta de ser procurada no seu “restaurante” pelos que apreciam o seu “cardápio”, mas é Ela que escolhe a quem servirá os pratos deliciosos preparados pelo seu Noivo. Para estes, o “almoço é grátis”, e eles nunca mais terão fome e sede.