Os Zumbidos dos Zumbis

Sem falsa modestia, entenda como puder, tenho um costume, talvez, filogenético, ou quem sabe, aprendido, de ser um bom escutador.

Filogenético, porque, pelo menos, deveria, enquanto especie humana e racional, querer sempre entender tudo.

Aprendido, porque, quem sabe, nestas minhas andanças ao longo dos meus dias eu não tenha sido curioso o bastante?

Ouvir ensina. Falar chama o ensino.

"Falar é prata, ouvir é ouro".

Todo idiota se parece esperto, quando calado, até que quando fala se consolida apenas idiota.

Dois ouvidos para ouvir.

Uma boca para falar.

É tão difícil entender isso?

O brasileiro, sem exceção, não aprendeu ouvir bem.

Eu sou brasileiro. Ainda sem a falsa modéstia, tenho muito que aprender sobre ouvir, para assim aprender sobre todo o resto.

"Só enxerguei mais longe porque me apoiei em ombros de gigantes", assim me ensinou Isaac Newton.

Só sou um escutador mediano porque maiores que eu têm algo a que devo ouvir.

O que me deixa confuso, diante dos idiotas de plantão, (e não são poucos estes e ainda tenho a prerrogativa de percebe-lo diante do espelho) é que os "não ouvintes" querem falar, mesmo que estejam diante de "gigantes" com informações que eles mesmos ainda não possuam.

Percebo isso em sala de aula; No trabalho diante de profissionais mais ou menos experimentados; Na fila da padaria quando quem fala "poblema" é o problema numa discussão. Sem pretensão de menosprezar o simples. Estou falando do tagarela que nada tem a acrescentar, quando tudo que precisava era aprender mais, pelo ouvir.

"A fé é pelo ouvir e o ouvir, pela palavra". Salvação é pela fé, logo, o tagarela está fadado a não ser salvo. Salvo, se este, ouvir, por intermédio de algum leitor, o que acabo de escrever e entender que é mais importante, antes de emitir sons, ter conteúdo. Ouviu?

Harlen Ribeiro
Enviado por Harlen Ribeiro em 27/04/2019
Reeditado em 27/04/2019
Código do texto: T6633346
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