FANTASMAS DO PENSAMENTO (ALMIR PRADO)

Não temo mais

Os fantasmas que me perseguem

Eles já fazem parte das minhas noite e tardes

Convivem comigo em meu cárcere

Fazem-me companhia

Em dias de nuvens negras

Onde o sol não brilha

Na lama, onde atolo minhas poesias

Escureço meu olhar, perco minha alegria

Confesso em meus versos as tristezas dos meus dias

Não temo mais ao confrontar-me comigo

Já me vejo no espelho como assombração

Admito

Ser um ser abatido, meio sem cor

Pálido e ferido

Vou ficando frio

Sem emoções...neste meu vazio.

No oco do meu mundo

Vou desfilando letras e compondo

Meu absurdo

O escuro não me aflige mais

Se não tenho estrelas fico apenas

Com os vendavais

Se nem o vento aqui passar, fico apenas

Com o silêncio a me silenciar

Não temo mais a boca seca

Nem as mãos cruzadas

Nem ao arrepio que me chega

Em horas desesperadas

Ajoelho-me

E me entrego ao exílio de minhas palavras

Minhas poesias do absurdo

Durmo entre as navalhas

Acordo entre os punhais.

Tornei-os desprezíveis

Não me cortam nunca mais

Esses malditos fantasmas . . . (ALMIR PRADO)

Almir Prado
Enviado por Almir Prado em 23/04/2019
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