FANTASMAS DO PENSAMENTO (ALMIR PRADO)
Não temo mais
Os fantasmas que me perseguem
Eles já fazem parte das minhas noite e tardes
Convivem comigo em meu cárcere
Fazem-me companhia
Em dias de nuvens negras
Onde o sol não brilha
Na lama, onde atolo minhas poesias
Escureço meu olhar, perco minha alegria
Confesso em meus versos as tristezas dos meus dias
Não temo mais ao confrontar-me comigo
Já me vejo no espelho como assombração
Admito
Ser um ser abatido, meio sem cor
Pálido e ferido
Vou ficando frio
Sem emoções...neste meu vazio.
No oco do meu mundo
Vou desfilando letras e compondo
Meu absurdo
O escuro não me aflige mais
Se não tenho estrelas fico apenas
Com os vendavais
Se nem o vento aqui passar, fico apenas
Com o silêncio a me silenciar
Não temo mais a boca seca
Nem as mãos cruzadas
Nem ao arrepio que me chega
Em horas desesperadas
Ajoelho-me
E me entrego ao exílio de minhas palavras
Minhas poesias do absurdo
Durmo entre as navalhas
Acordo entre os punhais.
Tornei-os desprezíveis
Não me cortam nunca mais
Esses malditos fantasmas . . . (ALMIR PRADO)