Analogia da vida

Um fato sobre mim: Adoro analogias.

Acredito que elas nos ajudam a entender melhor a vida e materializar sentimentos. Muito mais tragável traduzir o amor analogicamente como borboletas no estômago do que um fenômeno neurobiológico resultado de reações químicas em nosso cérebro.

E por falar em vida, nela hoje parei a pensar. Este 22 de abril que insiste ainda em doer todos os anos me envolve em saudade e tristeza, com doses de revolta e incompreensão e sempre me trazendo alguma reflexão.

Hoje muito pensei sobre a vida. A vida é realmente apenas um estado de um complexo material caracterizado pela capacidade de executar funcionalidades como o metabolismo, crescimento e reprodução, como nos diz a Wikipédia? Chato e insignificante.

Logo minha mente viajou. Pensando em como a vida se estrutura e nossa incapacidade de voltar e até mesmo de parar por um momento, encontrei no aeroporto minha analogia. Não propriamente no aeroporto, mas em algo que há nele e que, embora para muitos facilite, outros tantos reclamam dos que vão parados apenas deixando fluir: a esteira rolante.

Poderia comparar a vida a uma escada rolante, porém aí seria obrigado a colocar um juízo de valor e definir para quem é uma descida e para quem é uma subida. A esteira não. É plana, segue em linha reta, possui apenas um sentido e não para até você chegar ao final.

E foi exatamente este último ponto que me pegou: a esteira não para. A vida nãos nos dá refrescos! Você ganha, ela continua. Você perde, ela continua.

Em uma esteira rolante, se você tentar parar tem uma fila atrás de você que te força a continuar. Na vida também! Estudos, trabalho, família, contas, é um ciclo. E isto me faz refletir sobre os inúmeros assuntos inacabados que pelo caminho eu deixei. Não por preguiça ou por procrastinação – por mais procrastinador que eu seja -, simplesmente pela vida não me deixar parar e a fila me fazer andar. Luto não vivido, amor não dito, amigos perdidos, sonhos interrompidos. Podemos até apurar o passo e correr para atingir um objetivo ou andar bem devagar para evitar uma situação, mas ela chegará, estando preparados ou não. Assim como também passará.

Algumas esteiras são mais curtas, outras longas. Algumas dão suas travadas, outras correm em grandes velocidades. Mas se param, é porque não há mais vida ali.

Aonde eu estou na minha esteira?

Talvez tenha sido cruel nesta comparação e piorado a situação. Talvez seja melhor ver a vida mesmo como apenas um estado de um complexo material caracterizado pela capacidade de executar funcionalidades como o metabolismo, crescimento e reprodução.

Mas é um fato - já coloquialmente na boca dos solteiros e solteiras de nosso país que, em seu distinto conceito, acabam sem querer refletindo também sobre esta analogia - : A fila anda, meu bem!

E a esteira da vida não para de correr.