Águas Reluzentes
Benditas chuvas de águas reluzentes, seu vapor límpido humedece a minha mente de uma maneira inexplicável, primeiro elas molham minha negatividade com gotículas frias, depois encharcam minhas feridas e isso me deixa analgesiado.
Benditas chuvas relizentes, o brilho da cidade é repelido, isso me deixa fascinado, as gotas refletem a luz dos postes desviando minha atenção facilmente. O desejo de morrer se converte em algo pensável, prazeres curtos como esse fazem a diferencia na minha vida.
Benditas chuvas reluzentes, as densas neblinas que ofuscam a janela do ónibus impedem minha visão, deixando-a embaçada, vejo a cidade através da água, quem dera pudesse submergir tudo e todos. Um dilúvio talvez, mas não quero incentivar você com minhas ideias, desconsidere isso.
Benditas chuvas reluzentes, o tempo passa e você se converte em uma enxurrada, águas violentas fazem trajetos no vidro, desprovida de limites, entra dentro do ónibus com facilidade, rios escorrem sobre o piso, a noite já não é mais noite e o ónibus já não é vazio.
Benditas chuvas reluzentes, você cintila e isso me fascina, transborda construindo cachoeiras, molha vidas aflitas e isso é necessário, alaga feridas recentes e transmite um turbilhão de sensações, obrigada por existir.
Não seja impermeável, sinta nos pequenos prazeres a felicidade nem que seja em uma simples chuva, busque abrigo em abraços curtos, enxergue o mundo de outra maneira, a felicidade das pequenas coisas é gigantesca.
Edcleitoun Fernández