Um pouco de como eu vejo o mundo

Hoje excepcionalmente não teremos poesia, aldravias ou prosas. Mas um pouco de pensamento corrido e sem revisão ortográfica. Espero que goste! :)

Tenho refletido um pouco sobre as relações interpessoais e cheguei à conclusão de que um dos maiores problemas da humanidade é a falta de comunicação. A falta do contato social leva o indivíduo a total decadência o transformando em um ser alienígena ao seu meio.

Fiz uma pequena experiência: Comecei a olhar todas as pessoas que via nos olhos. Todas, sem exceção baixaram a cabeça. Depois, no mesmo ambiente, continuei olhando nos olhos das pessoas, porém dessa vez certificando-me de ter um sorriso no rosto. A maioria das pessoas ficava bem desconfiada e sem jeito, mas majoritariamente acabavam sorrindo de volta.

Percebi que as pessoas tem receio do contato, mas simultaneamente precisam e anseiam por ele. A partir do momento que demonstramos o mínimo de aceitação (através do sorriso, por exemplo) elas tendem a se aproximar mais. Mas isso não é novidade para ninguém. A situação aqui é o espanto que a maioria tem e o desconforto ao serem olhados nos olhos, tocados, ao ouvir um “bom dia” de quem está ao lado. Afinal, por qual motivo um estranho deveria se importar comigo? O que está havendo? Será um assédio?

A natureza humana é sem dúvidas egoísta. Há uma frase da música “Esperando por mim” interpretada pela Legião Urbana que eu acho que define muito o que estou tentando dizer. “Diga o que disserem, o mal do século é a solidão. Cada um de nós imerso em sua própria arrogância esperando por um pouco de afeição.” E esse egoísmo faz com que nos surpreendamos ou receber um elogio, por exemplo. Eu me sinto um pouco deslocado desse grupo. Vamos falar um pouco de mim.

Sou um jovem de vinte e um anos. Desde criança sempre tive as emoções muito bem afloradas. Para os que me veem no dia-a-dia sou quieto, calado, sincero, analítico e muitas vezes chato. Mas uma das minhas maiores características foi sempre a de me colocar no lugar do outro mesmo sem nunca ter visto a pessoa antes. Fico o tempo inteiro me perguntando o que está acontecendo na mente alheia e pensando como eu posso melhorar o dia dessa pessoa.

Sou do tipo que dá bom dia para todos, sorri para estranhos, elogia o corte de cabelo de um funcionário qualquer no caixa do supermercado ou a roupa que uma moça estava vestindo na farmácia. Acho isso perfeitamente normal. Não me custa nada e pode ajudar muito as pessoas. Mas as reações são as mais diversas. O espanto é quase unânime. É impressionante o quanto um simples elogio ou um pouco de dedicação a um estranho pode trazer confusão na mente das pessoas, e isso é grave. As pessoas não sabem como reagir a simples elogios, flores ou qualquer outro agrado. Na vida em sociedade acabam erguendo muros ao redor de si e não conseguem ver nesses gestos pureza. Sempre acham que tem que haver algo em troca.

Por que um estranho não pode se importar com você?

A verdade é que ele pode. E ele também pode te ajudar. Ser estranho não significa que essa pessoa seja mal-intencionada, ruim. Claro! O mundo não é só flores e devemos nos precaver. Mas isso só significa que até aquele momento as suas vidas ainda não se cruzaram, por que não tentar agora? Por que dar um lenço a quem chora é algo tão esquisito? Por que desejar um bom dia se tornou algo tão íntimo? O que impede de alguém sentir tua dor pelo simples fato de não ter te visto antes? Por que nos sentimos tão incomodados quando alguém tenta conversar conosco no transporte público?

Já sofri muito por ser assim. Isso é verdade. Algumas pessoas se apaixonam, outras criticam, alguns veem como imaturidade. Nunca segure a porta pra uma moça se não estiver pronto pra ser chamado de machista. É, essa geração está decadente a esse ponto. Mas jamais vou deixar que a pressão alheia me faça mudar quem sou.

Enquanto for vivo, muito provavelmente sempre vou sentir a dor do outro. E não sou do tipo que ignora um fato que eu mesmo posso mudar. Sempre farei o possível pra tornar o mundo melhor, derrubar os muros e arrancar sorrisos. Mas do meu jeito, e talvez esse também seja meu maior defeito.