Arte de não sofrer No Dia 23/07/2010 em um momento de dor escrevi este texto. Lembrando do Marco Antonio meu primeiro filho, que partiu aos sete anos de idade, já fazem 34 anos. Transformar a dor quando perdemos o que é mais importante em nossa vida é um longo caminho, muito sofrido e muito difícil. Na minha primeira perda, este gosto amargo eu transformei em açúcar. Quando esta dor era tão forte colocava creme de leite e maracujá, para acalmar minha alma. Quando os pensamentos e as lembranças povoavam minha cabeça, me entregava à alquimia das receitas, para criar sabores únicos de chocolate, nozes e ganaches. Doces sabores, criando lindos bolos, verdadeiras obras de arte. Sabores que entravam como um vento em minha cabeça. Levando para longe minhas lembranças e minhas tristezas. Entre lágrimas e açúcar, eu criava, fazia arte que me confortava, amenizava a minha dor e a transformava em suspiros de uma saudade. Foi com muito açúcar que consegui superar. A cozinha foi minha maior aliada, minha terapeuta. Mal sabia eu que teria que percorrer este caminho novamente ao perder Eduardo, meu segundo filho, que faleceu aos trinta e nove anos, há 8 meses. Novamente precisei provar o gosto amargo desta perda, porém mais madura. E novamente aqui estou eu, sofrida, procurando acalmar minha alma e domar esta saudade infinita. Juntando os cacos. No mosaico encontro alívio para minha dor. E através da arte do mosaico tenho encontrado alívio e um pouco de paz. Momentos em que me perco na criação de um artesanato ou em quadro de mosaico com casca de ovos. O mosaico foi um grande achado, uma linda e delicada técnica, um exercício de paciência e concentração, onde vou diluindo minhas dores e saudades. Por que escrever ainda está difícil, ainda está muito dolorido. As ideias e inspirações estão perdidas em algum lugar no meu peito. E mais uma vez vou seguindo, tentando superar perdas, dores, saudades.... Até que um dia eu os encontre novamente. Mais do que nunca tenho que ser forte, à vida continua, tenho que viver para seguir junto ao meu marido e meus três filhos: Rosana, Viviane, e André. Filhos queridos que nas horas difíceis caminhamos lado a lado. Obrigada meu Deus por esta família maravilhosa, seguiremos em frente dividindo lágrimas, alegrias, mas sempre juntos.
ALBsilva
Enviado por ALBsilva em 11/04/2019
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