Caminhos

O dia corrido nos torna escravos de um tempo, criado pelo homem e ordenado pela sociedade. Podemos simplesmente parar, tomar outro rumo e enfrentar dias sem rotinas, roupas molhadas de chuvas e apertos de ônibus, porém seremos contra a maré e levados ao fracasso social e financeiro deste sistema.

Eu posso parar de estudar amanhã e ser mais um menino em descoberta de coisas novas, me deliciar ao contemplar as fases da lua e sentar na escadaria do Mirante da 9 de Julho cantarolando minhas favoritas canções, mas não sairia de casa, não viajaria para fora e não saberia mais do que eu sei.

O ruim é lidar com as problemáticas e obstáculos da vida, um dia eu me encontro no meio de mil pessoas preocupadas com seu cabelo, a lama em seu sapato e shows de artistas internacionais, todos riem, todos bebem, todos se divertem e eu também. Mas no final, eu vou voltar a estudar na faculdade mais barata, trabalhar o máximo que posso para conquistar minha responsabilidade financeira e chegar na minha humilde casa que falta cair sobre mim, não sua estrutura, mas todo o peso emocional que a envolve, a negatividade extrema e a falta de cuidado que seus moradores insistem em continuar.

Aprendi a batalhar pelo melhor, da mesma forma que descobri que odeio cheiro de urina de cachorro na minha cozinha, como uma bala que mata um negro a cada dia: rápida e objetiva. Sei que um dia irei olhar para meu passado e rir da situação, e eu espero mesmo rir, pois hoje o que me sobra são lágrimas e um resto de força que ainda ecoa sobre meu corpo dizendo: "Ei, você é capaz! Não desista".

E eu não vou desistir.

Douglas Barbosa
Enviado por Douglas Barbosa em 09/04/2019
Reeditado em 09/04/2019
Código do texto: T6619723
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