O PARAÍSO É DOS DEVASSOS

Silenciamento. Essa é uma palavra que sempre fez parte de grupos minoritários. Em se tratando de Brasil, desde a colonização de 1500, este país viveu tempos obscuros, que hoje tentam voltar à tona com pautas cada vez mais fundamentalistas e fascistas. Todos nós sabemos que em nome de Deus se matou muita gente. Gente dita e demarcada pela elite burguesa como os fora da “moral e dos bons costumes” da elite hipócrita do século XVI.

O Brasil sempre viveu tempos muito moralistas e de vigilância sobre o comportamento das pessoas, limitando sua liberdade de expressão, tudo em nome de uma falaciosa ordem da sociedade. Para tanto, utilizou-se a Santa Inquisição Portuguesa para assassinar a todos que não se encaixavam no dito estereótipo de “cidadão de bem”. Até mesmo a ciência foi complacente por um período da história para com o encarceramento dos chamados de invertidos sexuais (homossexuais) na prisão ou casas de reabilitação sexual da época. A própria legislação do período colonial silenciou algo que diz respeito a uma prática pessoal do individuo. Muito tempo depois, mesmo depois da confirmação dos cientistas sobre a fluidez da sexualidade humana, os defensores da moral continuaram a perseguir, a meu ver, aqueles que no fundo eles queriam ser.

Este país sempre foi um paraíso de devassos. Devassos esses vestidos de padres, lideres, policiais, cardeais, políticos e dentre outros, que praticavam (e praticam até hoje) tudo aquilo que condenavam, segundo os relatos de João Silvério Trevisan em sua obra Devassos no Paraíso. Vivemos em uma nova era, em uma era da diversidade, onde não há espaço para silenciamento. O convite é para que cada silenciado tome conhecimento de seus direitos. Que façam barulho. Apareçam, façam a diferença. Vivam a liberdade! Aproveitem, pois o paraíso é para os devassos!

Lucas Medeiros Santos - Professor

Lume Santos
Enviado por Lume Santos em 06/04/2019
Reeditado em 12/04/2019
Código do texto: T6616856
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