AH, AQUELES DIAS!_________
Todos têm! Aqueles dias, ah! Em que o porão se abre e as cicatrizes gritam. Dado o impulso incial na maçaneta, hummmm, eita lê lê, quando a porta se abre! É demônio que não acaba mais! E aí vem aquele eu interno realçado com a beleza de um Corcunda de Notre Dame. Assusta! Assusta quem está sendo possuído e quem está à beira da possessão rs É um susto medonho!
Quando o porão se abre, entulhado de feridas, de poeira que foi jogada para baixo do tapete... Jesus...
Mas é bom! Ah, é... alma despida, o desabafo, o alívio... é como comprar um tatame para a yoga.

Ah, aqueles dias, e daí? Acontece para excomungar o verniz baladeiro da santidade e perfeição. E por mais que se aprenda com o melhor dos mestres budistas, quando a porta se abre encaramos as nossas mentiras. Aquelas que sustentamos para nós mesmos. É como estar de frente para o espelho sem o olhar de Narciso. É olheira, cara fudida, cabelo desgrenhado e a boca escancarada num choro para a imensa sensibilidade. Mas pode ser um estar fudido sem chorar também. Mas quando a porta do porão se abre, ahhh, tá fudido(a)! É sentar com todas as entidades que saem para uma terapia em grupo rs

Dia desses a porta do meu porão se abriu, e a cada entidade que saía na tentativa de mostrar minhas cicatrizes,  shiiiiiii.... foi um exercício de aceitação de mim mesma. Me manifestei praticamente falando aramaico.rs Mas prefiro a moldar um irreal ideal. Não. Mas também não é a melhor das sensações, fico triste quando meu coração está tão alvejado que vive uma insônia dos diabos e urra como se ferido pela águia que bicava o fígado de Prometeu.

Essa arte de cantar para subir os demônios internos,  acho que para quase todo mundo, uma vez que o porão aberto, nessa nudez emocional, é como um certificado de qualidade de que ali não existe um espantalho, uma estátua de sal, e nem um enigma, mas um simples ser humano com todos os seus erros e acertos. Alguém que fica triste, que sofre, que sorri, que manda o mundo se fuder, que reflete, que tem seus dias de medo e de coragem, em seu suplício no difícil exercício de existir. 

 
oOoll NOTURNA lloOo
Enviado por oOoll NOTURNA lloOo em 30/03/2019
Reeditado em 30/03/2019
Código do texto: T6611569
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