A LIBERDADE DOS PENSAMENTOS
E lá estava o Pensador, sentado, com a mão sustentando o queixo, ali postado desde 1904, obra do escultor francês Auguste Rodin (1840-1917). Nestes 115 anos, o que teria passado pela mente do Pensador? Eis aí os pensamentos, o último reduto da intimidade, absolutamente livres de quaisquer ingerências, mas apenas enquanto não manifestados, eles se traduzem no poderoso instrumento que se mantém subjacente a toda a história da Humanidade, às vezes como heróis, outras vezes como vilões, e uma grande parte deles, aquela não manifestada, desaparecem nas sepulturas, desconhecidos eternamente.
Nessa imutável e irreversível trajetória, seguimos todos, envoltos nos pensamentos, que invadem até os nossos sonhos. Pensamentos etéreos, voláteis, oscilantes, alternantes, abstratos, incorpóreos, inauditos, impenetráveis, ilimitados, infinitos, transcendentes, eles se deslocam pelo Universo numa velocidade superior à velocidade da luz, capazes de construir um Palácio e de destruir o Planeta, eles antecedem a todas as atitudes e ações, e a sua total independência permite que eles se nos apresentem como e quando desejarem, às vezes produzindo alegrias outras vezes tristezas.
Atrás das cortinas que circundam o átrio dos pensamentos, estão os três poderosos agentes: a Natureza, o Bem e o Mal, que acionam o botão que manipula a “voz” do pensamento, e esta voz ecoa nos nossos ouvidos, para que façamos a nossa opção: o agente da Natureza adiciona mel, o agente do Bem coloca peso, e o agente do Mal adiciona açúcar, para atrair a preferência do pensamento, numa ação parecida com a dos políticos, com relação aos eleitores. Dependendo da evolução, das potencialidades e das convicções, o pensamento pode deliciar-se com o mel e com o açúcar, ou encarar a tarefa de carregar o peso. Pobre proprietário do pensamento! Como um boneco de elástico, intermitentemente puxado pelos três agentes, em direções opostas, ele se debate na ansiedade e na angústia, sem saber para onde ir... Afinal, mel e açúcar, são propostas bem mais atraentes do que carregar peso, não é mesmo?
Todos os corajosos que visitam a sua própria consciência, e todos os que não se deixam envolver pela ingenuidade, sabem muito bem que a humanidade, da qual fazem parte, é extremamente habilidosa na construção de armadilhas, de todos os tipos imagináveis, e não imagináveis, para se iludirem uns aos outros, com o indeclinável e permanente objetivo de satisfazer a cobiça, o orgulho, a inveja e o ódio, isolada ou conjuntamente. Essas armadilhas são construídas nas oficinas dos pensamentos, com ferramentas de tecnologia de ponta, sutis e aromatizadas, para atrair os incautos “sapiens”.
Tendo em vista que não há UM justo sequer (Romanos 3;10), todos, em diferentes proporções, de acordo com as suas qualidades individuais, participam de todos os tipos de pensamentos e também de todas as atitudes e ações decorrentes dos mesmos, portanto, tanto das boas, como das más ações. Conhece alguma exceção? Nem eu. Mas, não obstante, a encruzilhada dos três caminhos está aí, bem à nossa frente: uma com o mel, outra com o peso, e a terceira com o açúcar... Façamos as nossas escolhas!
Assim, ocorre uma viagem para todos os proprietários dos pensamentos, e o resultado das suas opções individuais sempre estabelece a proporção de 1 por 2, ou seja, 33,3% deles carregando o peso, e o indefectível 66,6% deles se deliciando com o mel e o açúcar misturados. No fim da jornada, certamente haverá uma justa compensação, numa inversão e troca dos ingredientes de atração, utilizados para obter as escolhas. Os pensamentos deram origem às ações, as ações produziram a realidade, e a realidade colhe os frutos do pensamento e das ações. Nessa conclusão, invariavelmente, haverá choro e ranger de dentes, mas somente para 66,6%. (Mateus 8;12 / 25;30 e Lucas 13;28) Boa viagem a todos!