CORDA NO PESCOÇO

Estou com a corda no pescoço,

Até o violão já não toco mais,

Meu canto não entoa,

Minha melodia destoa,

Pois falhou as minhas cordas vocais.

No terreiro da realidade,

Plantei e colhi maldade,

Coisas que não voltam mais;

Acendi a capoeira e fiz acero,

Para não passar o fogareiro,

Para o lado dos infernais.

Cogito e existo em pensamento,

Pois angario força e fomento,

Para seguir o sonho dos imortais.

Pois criei a senda da ilusão,

Num delírio vindo da emoção,

Porém com apreço digo que são casuais.

No relento procurei respiro,

Em forma roupante de papiro,

Bem no meio dos mananciais.

Que tem a pureza permanente,

Sempre revelando o que sente,

Dando vida e sementes aos arrozais.

Assim caminho no meu velho instinto,

Tropeço, fico acuado, porém não minto,

Esperando que a corda no pescoço mostre os sinais...