Retire-se

Organizava festa para todo mundo, mas nunca organizaram uma para mim. Doei-me demais, mas nunca se doaram por mim. Uns se diziam meus amigos ou meus amores eternos, mas quando eu mais precisei, eles não estavam do meu lado, aliás, mal sabiam o que eu estava passando.

Ainda bem que tudo que eu fiz foi de coração, sem esperar nada em troca, pois essa deve ser a lei da vida.

Criticar, abandonar, deixar de lado e ignorar sempre foi mais fácil.

Ajudar, conversar, abraçar e amar parecia mais difícil. Talvez seja difícil para a maioria desses meros mortais.

Estou numa fase de transição, fase de novas descobertas e abandono. Deixar todo o passado lá aonde ele deve estar, lá atrás, bem distante. Mas sou hoje o resultado do que já vivi, isso não podemos negar.

Abandonei pessoas que estavam ao meu redor e me prendiam a um lugar que eu não pertencia.

Não quis me tornar aquilo que me feriu!

Quero descobrir quem realmente sou e o que quero, pois um dia, simplesmente, encontramos o que sempre esteve ali, na nossa frente e que no nosso consciente tínhamos que procurar.

Preciso parar de me sabotar emocionalmente.

Aos poucos vou encontrando meu lugar nesse mundinho tão grande, mas que parece pequeno.

Meus conflitos internos sempre ficaram guardados comigo, nunca fui fã de falar deles para alguém. É mais fácil expô-los num diário, pois papel e caneta sempre foram minhas melhores companhias.

Iniciei esse texto escarrando minha indignação com o ser humano, pois o considero cruel e egoísta demais e aos poucos e estou me tornando um deles, sendo insensível até o último fio de cabelo.

Não quero que meu amor se esfrie por causa da maldade de muitos.

Não queria que esse fosse o meu fim, mas é!

E para não me corromper tanto assim, escolhi viver sozinha e me isolar de tudo e de todos, internalizando meu mundinho silencioso, escuro, solitário e sem intromissões.

Com o tempo, aprendemos a dar valor a quem sempre esteve com amor e paciência do nosso lado, mesmo sabendo o quão difíceis e complicados somos.

Vejo as pessoas ao meu redor morrer e não posso fazer nada.

Estou morrendo aos poucos e ninguém ao meu redor não pode fazer nada. E não falo da morte propriamente dita.

Somos limitados!

No final do dia, minha melhor companhia é o travesseiro.

Queria sumir, queria fugir, queria saber aonde eu me perdi.

Não há porque pular logo para o final, deve-se viver, o caminho é a melhor parte!

As pessoas deveriam entender que há dias em que não queremos pensar em nada, só dormir!

E que é impossível se curar no ambiente onde adoecemos, então, retire-se!

Natália Xavier de Oliveira
Enviado por Natália Xavier de Oliveira em 16/03/2019
Código do texto: T6599684
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