AOS 30.
É...
Não é, e não foi nada daquilo que se pensava.
Eu só não achava que aos trinta eu me sentiria tão completo, tão cheio, esturricado. De vazio.
Sabe quando a gente abria o pacote de salgadinho onde o maior foco era a busca pelo tazzo, pela figurinha, pela tatuagem?
Abrir aquele pacote e não encontrar nada além de... Salgadinho, era quase um insulto e mesmo comendo cada izoporzinho saborizado daquele, parecia ter perdido o sentido, mesmo comendo, mesmo sendo bom. A gente desvalorizava todo aquele conteúdo só pelo fato da frustração ter sido maior.
Assim como tudo o que veio depois, só virou decepção por conta da expectativa que a gente criou. A gente vira um saco vazio.
Eu só não achava que, esperar ter amigos, uma profissão ou ao menos emprego e alguém especial pra dividir salgadinhos e frustrações, seria, aos 30, apenas mais uma expectativa frustrada e decepcionante.
Mas calma, talvez aos 40 isso piore.
Tenho certeza de que algumas poucas pessoas, ainda ao redor, não estarão mais aqui. Física e espiritualmente. Eu mesmo não tenho certeza se estarei.
Mas calma, poderia ser pior. Aos 30, eu poderia ter filhos, assim como todo mundo ao redor parece já ter.
Talvez, ter filhos fosse a resposta pra mim.
Calma, caralho!
Talvez esse texto já não faça sentido amanhã.
Talvez alguém ligue.
Talvez alguém "ligue".
Talvez eu te encontre.
Talvez faça sentido.
Afinal, mesmo quando a esperança de encontrar o tazzo acabou, a gente nunca deixou de comprar o nosso isopor saborizado favorito.