PENSAMENTOS DE UM ESTRADEIRO (I)

O homem simples que mora na casinha de taipa vê o seu patrão da fazenda colonial como um protetor e não como um explorador. 

As grandes cidades são máquinas de morar que representam o antinatural e onde as pessoas se tornam autômatas e sem sentido.

Tem de haver alguma compensação para quem passa por adversidades e privações.

Pessoas que convivem com gente bárbara desloca seus princípios de educação para níveis abaixo da zona de tolerância.

Uma boa noite de descanso nos devolve aos modos civilizados da boa educação.

É muito triste as pessoas perderem o respeito por si sem conseguir merecer o alheio.

A memória das pessoas raramente ultrapassa o prato que comeu no almoço do dia.

Depois de três fracassos consecutivos a gente acha que a próxima tentativa vai ser um passo em falso.

Pessoas que prestam desinteressada atenção a um estranho na beira da estrada são realmente solidários.

Numa época em que havia pessoas mais bem humoradas e menos civilizadas, banheiros e armários de hotéis viviam repletos de frases de mau gosto e baixo calão. E há ainda quem sinta saudade disso.

O corpo humano é tão frágil que não tolera agressões. Uma simples peça defeituosa pode desencadear uma sucessão de problemas incontroláveis que ele não sabe responder adequadamente.

Não é preciso ser como um andarilho, para quem basta o ar que respira. Mas é preciso abandonar um pouco a obsessão pelo trabalho e aproveitar mais intensamente a vida.

A desigualdade afeta muito mais os que são quase iguais do que os que são muito diferentes.

Há gente presunçosa de outros estados que, fascinados com os regalos da cozinha mineira, memorizam alguns cardápios e se julgam especializados. A cozinha mineira tem segredos inconfessáveis e manhas muito sutis.

O que é mais típico em Minas do que uma mesa farta de verduras, algumas com nomes desconhecidos até em dicionários?

(Frases pinçadas no livroCONHECENDO MINAS – Poeira na Estrada e Becos Apertadosa ser lançado brevemente).
 
Cornélio Zampier Teixeira
Enviado por Cornélio Zampier Teixeira em 09/03/2019
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