Minha Insignificância
Me deparo com a minha insignificância todos os dias.
Na mesa de café da manhã vazia.
No metrô lotado, assistindo às pessoas enquanto ninguém me nota.
Me lembro da minha insignificância todas as vezes que esperançosamente ligo o celular, em busca de uma mensagem que nunca chegou e nunca vai chegar.
Lembro da minha insignificância, também, quando vejo um casal feliz, gargalhando o quanto importam um ao outro, assim, na minha cara! Não sabem eles que hoje em dia é proibido ser feliz?
Assisto pela vitrine do trabalho, pessoas olhando para o seu próprio reflexo, nunca notando o que (ou quem) está do outro lado.
Percebo minha insignificância todas as vezes que recebo um "Obrigada!" falado meramente por dever social.
Percebo minha insignificância todas as vezes que termino um dia sem ter alguém para quem contar o quão insignificante ele fora, e isso se repete 365 vezes.
A insignificância se torna dolorosamente notável todas as vezes em que terminei o dia da mesma forma que comecei. E tenho vivido o mesmo dia por 2 anos.
Mas e se eu não estivesse aqui nesse tempo, será que algo teria mudado?
O metrô teria menos passageiros, o casal teria passado despercebido e a vitrine estaria vazia.