VINHO AZEDO ( ALMIR PRADO) 09 2016
Tente enxergar com os olhos meus, dona moça. Vamos, faça um esforço. Tome emprestado este meu corpo, assim, do jeito que ele ficou quando você se foi. E tente. Tente sentir como essa dor dilacera o peito. Faz pequena a alma. Deixa em pedaços o que parecia indivisível matematicamente. Tente compreender as lágrimas que rolam face abaixo, soltas, sem pedido de licença ou qualquer explicação. Tente aceitar o gosto salgado que toca os lábios meus, já tão acostumados ao doce que vinha fácil dos lábios teus. Se não for pedir muito, ponha-se por inteiro em meu lugar. E experimente carregar um coração pesado de lembranças e vazio de planos. Perdido em expectativas. Mas, por favor. Não pense muito. Tente esquecer que você não sou eu. Só por um minuto. Só por alguns segundos. E me diga, com seu próprio coração moça. Há ou não razão em te querer de volta? (ALMIR PRADO)