Uma vontade irresistível
Todos nós estamos sujeitos a sentir vontades irresistíveis, mais fortes do que nós, que imaginamos capazes de nos levar a caminhos inimagináveis. Agora mesmo, a minha vontade é a de fugir de quem sou, mas este é um desejo impossível de satisfazer, porque eu não posso correr do meu “eu”, da minha “alma”, enfim, meu self. Eu sei que minha vontade é absurda e impossível porque, em princípio, não escolhi ser quem sou. E, como não posso fugir de mim, começo a escrever para esquecer meus conflitos ao mesmo tempo em que procuro compreender o mundo.
É difícil analisar os sentimentos e tecer as palavras sem me perder no labirinto da minha imaginação, que sente uma vontade irresistível de rodopiar, como uma desvairada que já não percebe a realidade e se isolou completamente no seu mundo interior de fantasias desregradas.
A minha imaginação pode chegar a me controlar inteiramente, fazendo-me tirar ritmo ou cor das palavras até entrar em outro mundo, onde as regras são diversas.
Ao ver o que me acontece quando mergulho no processo de escrever, concluo que ele sempre me controla e me leva a rumos desconhecidos. E que, no final, mesmo que eu tente me afastar do meu self, acabo me aproximando mais de mim mesma.