Amanhã: algo que está por vir ou pode nunca acontecer.

Hoje pensei no que vou fazer amanhã, no compromisso que tenho que marcar, na cota que tenho que atingir, nos gastos que preciso limitar, nas dores que preciso curar e tudo que eu preciso realizar amanhã.

Aprendi com minha mãe que nos meus momentos de tédio devo buscar incessantemente algo para fazer. Então, passei a planejar todos os meus dias, não poderia ficar tão entediada ao ponto de pensar no vazio de existir.

Mas ao invés de pensar no dia que está por vir, tentei compreender o porquê fazemos isso. Decidi que as pessoas que falam “a vida é curta” estão erradas, nós somos feitos para durar. No entanto, eu estaria sendo hipócrita se não levasse em conta as adversidades que algumas pessoas podem passar, inclusive aquelas que percebem que são feitas para isso e não aguentam tal responsabilidade. Como poderia culpá-las?

É impossível pensar em viver um dia de cada vez quando se tem essa consciência, como que alguém conseguiria sentir todas as sensações que sua alma implora se ela precisa planejar sua vida para continuar permanecendo?

Assim, entramos em um "loop" de verter sentimento só naquilo que nos convém, criamos amarras, mecanismos de defesas para impedir que algo possa nos quebrar e diminuir nossa vida útil. E quando qualquer sensação por mais mínima que seja consegue transpassar essa barreira nos sentimos sufocados, torcendo para aquilo acabar logo, como se só existisse essa dor, você quer tanto queimá-la que esquece o quanto já possui remendos e nem por isso parou de funcionar.

Esquecemos que talvez o Sol não volte amanhã, você pode acordar sem mínima vontade de planejar, se preocupar ou até existir e simplesmente dar-se por encerrado.

O amanhã que você tanto planejou pode nunca chegar a acontecer e você não ter percebido que seu amanhã era só um chão de vidro que te obrigou a andar descalço sem nunca te permitir correr.