Coração de porcelana
Eu enxergava nosso relacionamento como se fosse um vaso de porcelana.
Lindo de se ver, delicado até para tocar.
Com todos os gestos de amor, um pouco de sangue era acrescentado dentro dele.
A cada briguinha boba, uma leve rachadura.
A cada confiança conquistada, mais um punhado de sangue era incluído dentro dele.
Entretanto a cada briguinha boba, outra leve rachadura aparecia, porém, as emendas do amor, da tolerância, dos sonhos compartilhados, seguravam firmes aquelas brechas.
Contudo, qualquer vaso delicado que possui tantas emendas, uma hora, uma briguinha que seja, estoura todo o recipiente, fazendo perder todo o líquido que nos mantinha de pé, unidos, vivos.
O que se perdia em substância, se perdeu também em recipiente. Só restaram os cacos. Esse vaso de porcelana era meu coração.
Com pequenas pancadas por causa de descuido imaturo, ele não aguentou a última bordoada, assim, ele explodiu. E não há emendas que o restaure.