Dor, sofrimento, suicídio e memes

Há milhares de anos eu não escrevo nada. Sinto que a vida tem estado com um gosto de nada terrível e a sensação que me toma por inteiro é a de que eu estou eternamente em uma dualidade que compete para ver qual a pior. De um lado, estou trabalhando horrores, assistindo aulas que arrastam o espaço-tempo e contando as horas para chegar em casa e dormir; de outro, estou passando freneticamente o feed do Instagram e afundando em minha cama enquanto minha cabeça fica pesada até o ponto de eu sequer conseguir movê-la de tanta dor (este é o momento em que eu tomo um paracetamol e recomeço o ciclo). Não estou estudando de verdade, não estou lendo os milhares de livros que baixei, não estou me exercitando ou seguindo as dicas de cronograma capilar e cuidados para pele que salvei nos favoritos, não estou vendo ou conversando com minha família e meus amigos como deveria. Não estou feliz.

Acho que em nenhum momento da minha vida fui realmente feliz, mas até poucos anos atrás eu não conhecia a dor do fracasso. As pessoas dizem o tempo todo para valorizar as coisas simples, que fazer o que gosta é tão bom quanto gostar do que faz, que ligar o foda-se é importante e que uma vida saudável e mais fácil do que se imagina etc. Acho que elas não levam em conta a carga emocional. Não teriam como levar, cada carga é única.

Cheguei a conclusão de que eu posso ler todos os livros de autoajuda do mundo e ter os melhores psicólogos e psiquiatras, mas, na real, sabe? Lá no fundo, ninguém sabe o que é melhor para mim do que eu mesma. Ninguém teria como saber porque, novamente, cada carga é única.

Não espero levar ninguém a uma autoavaliação ou a uma reflexão com esse texto, estou apenas tentando jogar conversa fora e sair da minha zona de conforto (que tem sido o título desse texto) nos últimos tempos. Bem macabro, eu sei. Mas existem zonas de conforto bem piores. Não espero me tornar uma pessoa exemplar que cuida da família e estuda para concursos em seu tempo livre, embora sinto que isso fosse mais correto do que tenho sido ultimamente. Também não espero parar de me alimentar tão mal e me exercitar tão pouco mesmo tendo milhares de doenças assustadoras em minha herança genética. Mas espero sair da zona de conforto, um dia de cada vez.

Hoje eu decidi escrever um texto. Despretensiosamente.

Raysla Lopes
Enviado por Raysla Lopes em 21/02/2019
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