Estranhos conhecidos
Deixamos de ser novidade
E de despertar curiosidade
O sentimento não morreu
Está ali em algum lugar
Nos tornamos conhecidos
Desconhecidos
Nos olhamos com aquele olhar
De quem já sabe o que o outro fará
Mas não da forma boa
Aquela que mostra cumplicidade
Mas da forma ruim
De quando nos paralisamos
Por supor todas as reações do outro
Da forma que nos paralisamos
E perdemos nossa espontaneidade
Nos enxergamos como quem ao mesmo tempo sabe tudo e não sabe nada do outro
Amamos as nossas lembranças
Aqueles primeiros risos
O primeiro encontro
Amamos as descobertas e o quanto achávamos graça do que não apreciávamos tanto
Nos agarramos a felicidade de dias passados
Queremos vive-los
Queremos recriá-los
Queremos senti-los
Mas parece ser difícil construir felicidade no presente com tudo aquilo que adquirimos de conhecimento
Nos amamos
Nos armamos
Nos calamos
Fomos deixando pra lá
Ta braba?
Daqui a pouco eu sei, ela volta ao normal, é sempre assim
Ta quieto?
Daqui a pouco ele envia mensagens, é sempre assim
Nos habituamos
Mas quando nos vemos
Sabemos
Que ainda existimos
Ainda estamos
Permanecemos
Ainda sou eu
Ainda é você
Ainda somos nós
Mas talvez tenhamos olhado para os "defeitos" tempo demais
Talvez tenhamos feito do ruim as pedras do caminho
Talvez as diferenças tenham levantado muros ao invés de pontes
A verdade é que nos descobrimos
E deixamos de ser novidade
Somos velhos
E tão jovens
Temos tanto a descobrir um sobre o outro
Há tanto que ainda não revelamos
Será que um dia conseguiremos?
Não sei
Só sei que ninguém constrói o futuro só com boas memórias passadas
É preciso construir boas memórias presentes
Não estamos aonde nos conhecemos
Estamos tantos passos adiante
Eu ainda sou a menina que fazia teus olhos brilharem de admiração
Você ainda é o menino que faz meus olhos brilharem de admiração
Somos o nosso passado
Somos o nosso presente
Quem seremos nós no futuro?