DIA COMUM________________
Gosto dos dias comuns - do grampo no cabelo, do filme na tv, do livro, vazio, do silêncio, da companhia, da alegria, da angústia, do sorriso, do choro, da louça para lavar, café para fazer... dessa teia cotidiana, do abrir das cortinas ou fechar as janelas, da poeira para limpar... Gosto de rotinas.
Gosto de dias comuns e de abrir mão desse sistema que te arrasta para o trânsito, para a multidão, para as filas e que me afasta de mim e que me cega para a comunhão com a minha paz.
Gosto de dias comuns e ensolarados, da chuva e cheiro de terra molhada, do não ter de cumprir metas, dos planos futuros, do arroz cozinhando na panela, da cebola e do alho. Gosto de romantizar o horizonte e de me sentir planície, sem agressão, sem dominação, de diminuir o quantidade de sal.
Gosto de dias comuns, do costurar a roupa que rasgou, das rugas que surgem, das cicatrizes que dialogam, da parte que em mim me questiona e diaboliza e da outra que reza.
Gosto de dias comuns, dos pés descalços na terra, dos impulsos e das forças que me conectam humana, mas que me levam para um caminho de equilíbrio.