A VIAGEM DA VIDA

Eu vivo me perguntando, se estar velha e perceber o passar do tempo, constatar as rugas que em mim brotaram, a pele mais seca, não tão viçosa quanto outrora, os cabelos que se foram com o passar dos anos e que foram embranquecendo, dores que antes nem passavam perto de mim e que hoje sempre me lembram a toda hora a sua presença.

Se é olhar os meus contemporâneos e sentir nostalgia, por ter a consciência de que também mudaram...

Ou será que é sentir-se jovem por dentro,

absorver os conceitos atuais, a tecnologia.

Estar perfeitamente adaptada aos dias de hoje.

Fazer exercícios, malhar, estar disposta,

estar integrada ao celular que dispensa

máquina de filmar, computador, notebook e repetir para mim mesma, estou ótima,

Estou saudável, estou como um garota...

E quando coloco o pé fora de casa, alguém me diz:

"Bom dia, tudo bem com a senhora?"

Entrar numa loja para comprar alguma coisa, e a moça chega-se simpática, e diz logo:

"Bom dia, senhora, posso lhe ajudar?"

Se estou no carro e pergunto a alguém,

como chegar a determinado lugar:

“A senhora vira na segunda à direita....”

Senhora, senhora, senhora....

É, há alguns anos, uma amiga querida,

pouco mais velha do que eu,

me disse então que ultimamente, se sentia uma mulher invisível...

Na ocasião, achei exagerada a afirmação...

Da mesma forma vi amigas plenamente preparadas, intelectualmente, com Doutorados, Pós Doutorados, não conseguirem se colocar apenas por terem mais de cinquenta anos...

Eu realmente acredito que a velhice só chega realmente, quando o nosso espírito envelhece, quando o nosso ânimo se esvai, como água entre os dedos...

Quando desistimos da vida, das alegrias deste mundo, quando abrimos mão de nós mesmos e repensando tudo isto, mesmo não tendo percebido a perversidade do tempo, inclemente, que faz de nossa vida um quadro, como o Retrato de Dorian Gray, pois envelhecemos na matéria a cada dia, e não percebemos.

Como não percebi as rugas que chegaram ?

Como não senti os cabelos caírem e embranquecerem ?

Então, se minha alma vibra, estou viva!

Se consigo me enxergar ainda jovem,

se consigo encontrar graça nas coisas,

se me divirto e sinto a vida pulsando, se consigo amar os que me são caros, curtir meus amigos, sentir prazer, agradecer tudo o que a vida me dá, a presença de Deus em minha existência, alegria em comer, em passear, em amar, em dormir, em acordar para um novo dia, então não sou nem estou velha, continuo caminhando, continuo vivendo, apenas por que sou feliz....e isso causa em mim, a certeza de sentir a juventude de outrora, a vida plena, no seu passado, presente e a convicção de que ainda tenho pela frente, um lindo futuro, com novas e diferentes emoções, o inconstestável fato de estar viva...

e muito viva!

Abençoar e agradecer a nossa vida, sempre, cada momento é único e distinto.

Então amigos, vivam sua vida, tendo você a idade que tiver, criança, jovem, maduro ou idoso, estamos todos numa viagem singular, maravilhosa e incomparável, simples, mágica, a viagem da vida....e repetindo o velho chavão de que enquanto há vida, há esperança,

Continuamos nossa deliciosa caminhada.