REFLEXÃO SOBRE A OFENSA

Definição de ofensa:

Comportamento ou discurso que faz com que uma pessoa seja vítima de injustiça; palavra que deprecia; que possui a capacidade de injuriar ou afrontar.

Também poderíamos incluir outras definições como desacato, transgressão, ato de violação, etc e etc.

Mas o que é uma ofensa?

É um insulto que fere o indivíduo, o grupo ao qual ele real ou pretensamente participa ou muito mais um determinado comportamento adotado?

Todos ofendem e se sentem ofendidos em algum momento da vida, ainda que inadvertidamente.

É tão certo quanto a morte, o sono depois da exaustão e tantas outras certezas que não podemos excluir da nossa existência.

Contudo talvez só os muito covardes, ou os obtusos por sorte de uma educação precária, acreditem e façam uso desse artificio tão irregular, relativo e pobre que é a ofensa, suposta pela própria condição e frágil em sua quase totalidade.

Não há justificativa racional pro uso regular dela, é algo que só se pode atenuar através da comprovação do instinto, uma ferramenta de uso bárbaro e atemporal.

E o inverso também se faz equivalente, contudo costumeiramente imperceptível ou simplesmente negligenciado...

Para exemplificar o que adiante pretendo explanar, citarei uma experiência pessoal: como muitos antes de mim, fui uma vez atingido por uma abominável ofensa, pela qual pude perceber quão prazeroso seria ao autor notar minha consternação, assim como também esse processo poderia se realimentar indefinidamente caso eu permitisse, e sendo assim o finalizei. Pra tal utilizei o desprezo com um leve toque de escárnio, e obtive uma satisfação singular, além de deixar meu interlocutor visivelmente sem ação e envergonhado como uma criança após levar uma bronca.

Lição aprendida, lição tatuada, lição eterna.

Após esse e outros episódios semelhantes consegui detectar que não era o teor pesado, ou mesmo as comparações que geralmente são utilizadas para rebaixar alguém ao nível da sarjeta, que porventura causavam-me mal-estar, mas sim algo muito mais profundo (e às vezes indetectável) que é o conceito que já é por si só aterrorizante: a verdade.

Nada ofende mais do que ter suas falhas expostas e apresentadas como alegorias ou enfeitadas com adjetivos e metáforas brutais (e geralmente repletas de significado)... nenhuma mentira ou insinuação pode transformar alguém meramente incomodado em um desesperado se não tiver um alicerce sólido na mais pura realidade, nenhum rumor destrói um indivíduo centrado em bases firmes, assim como não se derruba um castelo com tomates.

Mas pra encerrar: se já me ofendi?

Sim, várias vezes... mas calculo hoje que, na grande maioria delas, foi por ouvir algo que estava explícito sobre mim para o universo, e que negligenciei.

E, ao fim, talvez algumas palavras como desacato, reputação e honra percam significado.

Faz parte. Só se navega bem sem peso excessivo.

Caio Braga
Enviado por Caio Braga em 11/02/2019
Reeditado em 11/02/2019
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