MORTE: Manuel Maria
Cando xa estea canso de verdade
e as cousas e o mundo non acendan
en min ningún fervor, quero
deitarme, Outeiro, no teu chao,
contemplar o brillo das estrelas,
o paso das nubes tráxicas e grises
mentres, con todo o meu ser, vou,
moi devagar, dun xeito lúcido,
facéndome, para sempre, terra túa
e ensumíndome, calado, no teu seo.
É o poema 77 do poeta chairego (da Terra Chã - Lugo, Galiza, Spain Kingdom) Manuel Maria no seu 'Ritual para unha tribo capital de concello' (985.2016), que justamente é o lugar onde nasceu, onde o nasceram.
Fôramos amigos em uma amizade de tempos breves. Tive a honra de lhe prefaciar o poemário A LUZ RESSUSCITADA (1984).
Mas o que agora importa é a mensagem que recolho do poema transcrito. Ele tinha a referência certa de Outeiro de Rei nativo. Eu sei que morrerei, mas não posso anunciar certo uma referência equivalente. Nasceram-me em um lugar, vivemos e habito noutro e, se decidem soterrar-me depois de incinerado, talvez acabarei em um terceiro ... não: será sexto ou sétimo ou acaso ...
Penso que o corpo "almado" tende a ser ensumido na Terra onde foi lançado ao mundo, na Terra Mãe onde a mãe o lançou ...