A timidez da esperança
Noite qualquer de setembro do ano de dois mil e dezoito-A timidez da esperança
As ruas estão cheias. Cheias de bandeiras estendidas e braços cansados.Pálpebras pesadas ,sorrisos amarelos e alto falantes envergonhados.O povo marcha das sete às dezessete e o céu avermelhado anuncia o entardecer.O descanso ainda será por volta das 22:00 e haverá,talvez,uma pausa para o café .A chuva agressiva chega atrapalhando a campanha da população.As bandeiras,agora encharcadas ,perdem o movimento . O ódio e o cansaço tomam conta dos corpos impacientes que ocupam as ruas.Quem irá salvá-los dessa condição desumana? Carregarão as bandeiras e as usarão como o manto que cobrirá toda a sujeira que existe e a injustiça repousará ...o silêncio pemanecerá sendo a arma que matará cruelmente a paz que há no povo.Quem dirá que um corpo que não se movimenta não está em repouso?Repousar e movimentar-se.Possivelmente ,um corpo movimenta-se de forma mecânica na marcha mas ,ao mesmo tempo,o ''corpo'' repousa de forma vergonhosa e passiva.Os exercícios de debate começam a ganhar voz e estrondam as ruas -os alto-falantes - muitos leigos ,curiosos e apressados olham o relógio e as campanhas mas não têm o tempo necessário para observar a marcha com mais atenção(depressa,depressa!) É hora de ir para casa e assistir ao telejornal,só assim,o cidadão exerce a cidadania: acompanhando a política no conforto do seu sofá.Números em prédios,no chão das ruas,no sinal -ao atravessar-,nos carros e na TV e ,principalmente,decorados na boca do povo! O povo decora as letras dos partidos e os carros anunciam quem irá ganhar.Cantam incansavelmente.Cansam.Descansam . Vermelhas bandeiras e azul celeste.Soldados ,soldados! Pobres meninos a marchar! Na linha de frente esperando morrer,esbravejam
: revolução,revolução! Armem a população!A esperança está morta.A censura está viva. ''Liberdade é escravidão,ignorância é força,guerra é paz'',George Owrel já dizia.