O Cardume de Atum

Era um cardume de peixes prateados.

Atum, ela sabia. Mesmo afundando cada vez mais, perdendo o fôlego

e com os pulmões sendo amassados pela pressão, pôde contemplar a belíssima performance do cardume.

Eles davam voltas, formando um grande círculo. Um círculo do terror, pensou. Era mais como um buraco negro, a singularidade que é capaz de engolir uma galáxia inteira. Um cardume tão voraz, que engole quase que em segundos uma velha baleia que, cansada, nada com dificuldade no vácuo azul.

O cardume é tão voraz e belo que faz com que ela fique encantada e louca. Louca a ponto de ir ao seu encontro. Ir ao encontro de algo incrivelmente belo e voraz.

Mas o que importa? Seus pulmões já estavam virando algo parecido com plástico queimado. Seus olhos ardiam. Seus ouvidos doíam um pouco, mas a dor era quase imperceptível. O que iria importar entrar naquele enorme buraco prateado?

Ela continuava a cair, profundamente e sozinha.

O cardume passou diante os olhos dela. Os olhos já não eram mais azuis, verdes ou marrons. Agora, eram pratas. A prata que vestiu os gladiadores do Coliseu e todo o exército romano que cheirava à conquista e sangue, sentia inveja, pois nem ela mesma podia imaginar o brilho que tinha um cardume de atum.

A prata era voraz. Ela a engoliu.

E continua caindo na imensidão azul: a prata e a fita vermelha que estava no cabelo dela.

Escritora de Bar
Enviado por Escritora de Bar em 31/01/2019
Reeditado em 02/04/2019
Código do texto: T6564233
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