Escrevo porque o mundo me parte.
Escrevo porque nada parece certo e estar errado não é mais uma questão de escolha, escrevo porque o mundo anda vazio e eu não sei a quem recorrer quando alguma coisa aqui dentro se despedaça, então escrevo. O que fazer quando você já deu o seu melhor e tudo ainda parece desabar de forma nada estrutural, por quem gritar ao sentir o frio do silencio percorrer o seu corpo, a quem devo entrega o tudo e o nada que me restou. O vazio abstrato desse mundo não é nada aceitável dentro de mim, não consigo ser como esse mutuado de pessoas tentando esconder a verdadeira face de quem é. Eu não consigo fazer parte de nada disso, por isso escrevo, para silenciar a dor por alguns estantes que sejam, para pôr pra fora um terço do que se passa aqui, escrevo porque alguma coisa dentro de mim grita desesperadamente, escrevo para acobertar uma solidão mal escondida que me parte ao meio, escrevo porque a carência de alguma coisa precisa ser sentida... e grito, grito ecos que dizem assim: “alguém aqui, olhem pra mim”. Isso tudo é uma bosta, estou me afogando em palavras que nem eu consigo seguir, mas lá no fundo, lá no fundo mesmo, alguma coisa diz que em algum momento tudo fará sentido.