Brumadinho

A barragem não segurou o barro

O motorista da empresa sumiu com o carro

A Vale não segura o seu B.O.

Quanto Vale a vida de um homem só?

O pedestre se perdeu na lama

O funcionário filmando exclama:

Morreu todo mundo soterrado!

Só não morreu desavisado

O que Vale mais, a vida ou os capitais?

Quantos bichos mortos nos currais?

A barragem não segurou o furo

A Vale se assegura do obscuro

O que a Vale faz com todo o seu lucro?

Indenização para um digno sepulcro?

O que a Vale quer, além de impunidade?

De que Vale ter dinheiro sem humanidade?

O que a Vale é, além de irresponsável?

De que Vale ser modelo do abominável?

São vidas em jogo, não um mero cargo

São duras lutas em luto, tão amargo

A barragem não segurou o rejeito

Quem de toda essa trama é o sujeito?

Quem paga agora pelos danos morais?

Quem apaga da memória dados dos jornais?

Quem segura a onda desse prejuízo?

A Vale não segura nem o que é preciso

Morreu muita gente naquele funil

A vida está escassa no Brasil

Tragédia por tragédia quase tão cotidiana

Nem prazo deu pra esquecer de Mariana.

Harlen Ribeiro
Enviado por Harlen Ribeiro em 29/01/2019
Reeditado em 29/01/2019
Código do texto: T6562436
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