Brumadinho
A barragem não segurou o barro
O motorista da empresa sumiu com o carro
A Vale não segura o seu B.O.
Quanto Vale a vida de um homem só?
O pedestre se perdeu na lama
O funcionário filmando exclama:
Morreu todo mundo soterrado!
Só não morreu desavisado
O que Vale mais, a vida ou os capitais?
Quantos bichos mortos nos currais?
A barragem não segurou o furo
A Vale se assegura do obscuro
O que a Vale faz com todo o seu lucro?
Indenização para um digno sepulcro?
O que a Vale quer, além de impunidade?
De que Vale ter dinheiro sem humanidade?
O que a Vale é, além de irresponsável?
De que Vale ser modelo do abominável?
São vidas em jogo, não um mero cargo
São duras lutas em luto, tão amargo
A barragem não segurou o rejeito
Quem de toda essa trama é o sujeito?
Quem paga agora pelos danos morais?
Quem apaga da memória dados dos jornais?
Quem segura a onda desse prejuízo?
A Vale não segura nem o que é preciso
Morreu muita gente naquele funil
A vida está escassa no Brasil
Tragédia por tragédia quase tão cotidiana
Nem prazo deu pra esquecer de Mariana.