EU E MAIS EU...
Ontem, eu era o que era,
Que morava em tapera
Pau-a-pique e chão batido,
Com coragem de destemido...
Hoje, do que era sou,
O tempo me desgastou
Com ferrugem roedeira
Que me consome, vida inteira...
Amanhã, já não sei se sei
Que destino meu tomarei,
Se serei o que sou, porém,
A velhice acompanhar-me-a...
Só sei que sei que, de ontem,
Até chegar neste meu hoje
Ainda tal me sou o que era,
Amanhã venderei minha tapera
Para se morar na rua
Ou num belo palacete,
O destino pode ser esse
Enquanto a viver continuo...