Bolhas, bolinhas e pixels.
Fala-se muito em "bolhas", ultimamente. Deve ser mesmo, as pessoas vivendo em bolhas separadas, como que em dimensões diferentes, formando um mosaico, visto à distância.
Há muito tempo atrás, enquanto um filme passava, olhei a imagem da televisão de perto, notei que era formada de bolinhas bem pequenas, coloridas. Bolinhas, bolhas, pixels.
Eu, por exemplo, minha bolha é a das ciências naturais, livros, conhecimento.
A de um outro, pode ser a política, o poder, a autoridade, superioridade.
Uma outra, quem sabe, a das religiões, misticismo, magias, e rituais.
Quem sabe, para um outro, a da fantasia, heróis, desenhos e filmes.
Pode haver a bolha do imediatismo, do fast-food, da satisfação rápida.
A bolha da beleza física, perfeição estética, cosméticos e moda.
Uma outra, do trabalho exaustivo, sistemático, foco na produção, resultados e sucesso administrativo.
Em contraponto, a bolha da subserviência, servidão, submissão, escravidão.
Quem sabe, uma outra, a das tradições, costumes, família, identidade de grupo.
Não sei se isso é bom ou ruim. Não sei se a película que dá forma a cada bolha, deveria ser ou não mais fina, permitindo mais trocas.
Digo isso porque adoro minha bolha, amo de paixão. Não a troco por nenhuma outra.
Uai, se sou assim, aconchegada e feliz no interior da minha bolhinha, os outros devem se sentir igualmente bem nas suas.
A pena é somente a distância e a saudade de quem a gente gosta, se vive em uma dimensão diferente.
Mas, de uma imagem grande que forma o mundo, cada bolhinha "faz parte".