Bolhas, bolinhas e pixels.

Fala-se muito em "bolhas", ultimamente. Deve ser mesmo, as pessoas vivendo em bolhas separadas, como que em dimensões diferentes, formando um mosaico, visto à distância.

Há muito tempo atrás, enquanto um filme passava, olhei a imagem da televisão de perto, notei que era formada de bolinhas bem pequenas, coloridas. Bolinhas, bolhas, pixels.

Eu, por exemplo, minha bolha é a das ciências naturais, livros, conhecimento.

A de um outro, pode ser a política, o poder, a autoridade, superioridade.

Uma outra, quem sabe, a das religiões, misticismo, magias, e rituais.

Quem sabe, para um outro, a da fantasia, heróis, desenhos e filmes.

Pode haver a bolha do imediatismo, do fast-food, da satisfação rápida.

A bolha da beleza física, perfeição estética, cosméticos e moda.

Uma outra, do trabalho exaustivo, sistemático, foco na produção, resultados e sucesso administrativo.

Em contraponto, a bolha da subserviência, servidão, submissão, escravidão.

Quem sabe, uma outra, a das tradições, costumes, família, identidade de grupo.

Não sei se isso é bom ou ruim. Não sei se a película que dá forma a cada bolha, deveria ser ou não mais fina, permitindo mais trocas.

Digo isso porque adoro minha bolha, amo de paixão. Não a troco por nenhuma outra.

Uai, se sou assim, aconchegada e feliz no interior da minha bolhinha, os outros devem se sentir igualmente bem nas suas.

A pena é somente a distância e a saudade de quem a gente gosta, se vive em uma dimensão diferente.

Mas, de uma imagem grande que forma o mundo, cada bolhinha "faz parte".

Lya Reys
Enviado por Lya Reys em 28/01/2019
Reeditado em 28/01/2019
Código do texto: T6561173
Classificação de conteúdo: seguro