Declaração de guerra

É oficial.

Eu estou em guerra com esse outro eu que habita em mim.

O campo de batalha: essa mente que ambos tentam dominar.

Na verdade, há três de mim morando aqui dentro.

O que eu quero ser, o que eu sou(sem adição ou pretensões alguma) e o que eu não quero ser, mas que insiste em tentar subjugar os outros dois.

Esse último me faz sofrer. Ele cria angústias no meu coração, e faz uma raiva sem sentido se acumular na minha barriga. Esse "eu" que tenta matar os outros dois, também tenta isolar essa mente. Ele faz com que o "eu" sem pretensões seja rude, afasta todos que me amam e eu sei que ele sofre mais do que todos. Por que no fundo ele também não sabe como lidar consigo mesmo. É uma criança birrenta que quando não sabe o que fazer grita e esperneia. Afasta aqueles que querem ajudar.

Ontem brigamos feio, se eu pudesse teria arrancado ele do meu peito e o mandado embora. Mas não posso, e ele não tem pra onde ir. É criação só minha e de mim ele nunca vai sair. Então ele precisa mudar, precisa crescer. E eu só espero que não seja tarde demais. Eu só espero que ele não tenha conseguido estragar tudo. Por que se isso acontecer, as outras partes vão morrer e é aí que ele vai enfrentar o seu maior sofrimento, que é estar sozinho pra sempre. Como única companhia seus espelhos, refletindo o quão grotesco ele se tornou. Com tanto amor e felicidade em suas mãos, ambos descarnados de esperança.