Hoje eu flertei com a Morte
Hoje eu flertei com a Morte mais uma vez
Fiquei espantado no começo
Não que eu havia cometido um crime ou algo assim
Mas é um impulso natural rejeitado pelos padrões
E quem definiu esses padrões?
Na verdade não importa saber
Mas todos flertam com ela, e isso eu garanto.
Ao menos uma única vez durante a vida
Em sonhos esse flerte pode vir disfarçado
Como em um desses que você pula de um penhasco
Dai você acorda suado e com arrependimento
E seu dia é impulsionado por uma estranha culpa
Do mesmo jeito em que você se arrepende de suas escolhas
E pensa em fundir sua carne com o concreto aos pés do prédio
A lógica é simples
A ideia do ato transgride sua moral já existente
E a culpa surge novamente...
Alguns terceirizam esse culpa
E então, uma semana depois esses culpados sorriem ajoelhados na igreja
E tem aqueles que cedem ao seu flerte antes de flertarem com ela
Esses são os que não conseguiram flertar com a Vida
Talvez seja porque a Morte pode ser mais carismática
Ao contrário da Vida, que cobra demais
Uma vez ou outra todos passam por isso
Você pode escolher a Vida e até mesmo apaixonar-se por ela
Mas a Morte sempre será sua eterna amante
Pois não há maneiras de afastá-la
...
Hoje eu flertei com a morte
Acho que ela sorriu para mim.
Mas vou esperar um pouco
No momento quero continuar de mãos dadas com a Vida.
(Guilherme Henrique)